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João Nogueira: morte do sambista completa 25 anos

Ele é reconhecido como um dos sambistas mais importantes do país
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Carolina Pessoa - repórter da Rádio Nacional
05/06/2025 - 08:46
Rio de Janeiro
Brasília (DF), 05/06/2025 - João Nogueira: morte do sambista completa 25 anos
Foto: João Nogueira/Wikipédia
© João Nogueira/Wikipédia

Há 25 anos o Brasil perdia um dos grandes nomes da nossa música, o cantor e compositor João Nogueira. Com canções obrigatórias em uma boa roda de samba, ele é reconhecido como um dos sambistas mais importantes do país, autor de clássicos como O Poder da Criação e Espelho.

Nascido no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro, em 1941, o artista lançou 20 álbuns e participou de diversos discos coletivos. Suas composições valorizam as coisas simples da vida.

João Nogueira teve contato com o samba ainda criança por meio de seu pai, que era violonista. Em uma fala, no programa Água Viva, da antiga TV Educativa do Rio de Janeiro, em 1977, o músico contou porque o pai foi sua inspiração para a música Espelho

Eu sempre tive muita iração pelo meu pai. Não só, enquanto vivo, e ei assim a continuar a adorá-lo, a amá-lo, como até hoje. Então eu fiz uma música, Espelho, que retrata mais ou menos a minha vivência e fala sempre no meu país. Quer dizer, é o espelho, em quem eu me espelho”.

Nogueira também cresceu próximo de artistas como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Donga e João da Baiana, amigos do pai, que sempre frequentavam sua casa.

Com tantas influências, começou a tocar ainda jovem, aos 15 anos, e em 1972 gravou o disco de estreia, que trazia seu nome como título. De lá pra cá, não parou mais.

Em 1979, fundou o Clube do Samba, que reuniu grandes nomes do gênero como Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Martinho da Vila e Paulinho da Viola. 

O sambista acumulou 186 composições e 308 gravações, de acordo com o Ecad, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição.

O jornalista Rubem Confete fala sobre a importância de Nogueira para a nossa música:

“Além de violonista, João também gostava de uma boa poesia. A juventude tinha sempre no seu repertório um samba do João Nogueira. Compositor fantástico”.

O especialista destaca outra faceta de João Nogueira, o envolvimento com blocos e com a escola de samba Portela:

“No Méier criou os blocos Labareda, bloco que ele gostava, fazia tudo, animava, e criou o Zincão. Convidado para participar da ala de compositores da Portela, escreveu um samba em homenagem ao Natal, um homem de um braço só. Seu José Natalino Nascimento, Natal da Portela, foi as lágrimas, chorou”.

Sobrinho de João, o cantor, compositor e produtor cultural, Didu Nogueira, também ressalta a contribuição deixada pelo artista para a nossa cultura:

A importância do João para a cultura popular brasileira musical, em especial, é uma contribuição enorme. Ele próprio se definia como um sambista de calçada, que ele não era nem do morro nem do asfalto. Então o samba que o João faz fica mesmo nessa coisa intermediária. Não é o partido alto que se consagra no morro, nem tem uma formação musical muito assim rebuscada tecnicamente, embora a música do João, os sambas do João, sejam bem marcados pela característica do samba”.

Diogo Nogueira, filho de João, seguiu os os do pai e é um sambista de destaque na geração atual.

Em 2012, João Nogueira recebeu uma grande homenagem da sua terra natal. O Imperator, importante casa de espetáculo da Zona Norte do Rio, que fica próximo do local onde residiu, no Méier, ou a ser chamado Centro Cultural João Nogueira.

O sambista nos deixou aos 58 anos, no dia 5 de junho de 2000, vítima de um infarto.