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Direitos Humanos

Projeto atende a jovens nadadores depois de destruição de piscina para Copa

Isabela Vieira – Enviada Especial
Publicado em 07/05/2014 - 12:14
Salvador

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As águas transparentes e tranquilas da Praia da Barra, em Salvador, ganham movimento logo cedo. Junto com os pescadores que retornam do mar, chegam dezenas de crianças que desembarcam de pequenos barcos, tomam café da manhã e estão prontas para aulas de natação. Elas fazem parte do projeto social Ação Tri que recebe jovens de comunidades de encostas próximas.

Salvador - Dezenas de crianças fazem aulas de natação na Praia da Barra depois que a única piscina pública da cidade foi aterrada para as obras da Copa do Mundo (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Salvador - Dezenas de crianças fazem aulas de natação na Praia da Barra depois que a única piscina pública da cidade foi aterrada para as obras da Copa do Mundo Antonio Cruz/Agência Brasil

A iniciativa, comunitária, atende a crianças de projetos sociais que ficaram sem ter como treinar depois que a única piscina pública e olímpica da capital baiana foi aterrada para obras da Arena Fonte Nova, estádio que vai receber os jogos da Copa do Mundo.

Salvador - Para o coordenador do projeto Ação Tri, Alberto Lopes, faltam alternativas de esporte e lazer para as crianças, principalmente as de bairros pobres (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Salvador - Para o coordenador do projeto Ação Tri, Alberto Lopes, faltam alternativas de esporte e lazer para as crianças, principalmente as de bairros pobres Antonio Cruz/Agência Brasil

Na Bahia, estado com um dos maiores índices de afogamento no país, atrás apenas de São Paulo, o coordenador do projeto, Alberto Lopes, destaca que faltam alternativas de esporte e lazer para as crianças, principalmente àquelas dos bairros pobres de Salvador.

“Esse projeto tem dez anos e utilizamos como forma de socialização, entendemos o esporte como igualdade. No esporte, não importa se é rico ou pobre. No mar, de sunga, todo mundo é igual.”

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Na Praia da Barra, a professora Sulamita Peixinho complementa os treinos do Ação Tri. Ela recebe os adolescentes mais talentosos e os transforma em atletas. Os alunos são geralmente pobres e negros, características que ficam evidentes nas competições. Por causa da diferença, muitos sofrem com práticas desleais.

“Sofri desrespeito de vários colegas da natação. Também sofri racismo e preconceito. Quando entramos [na piscina], fomos chamados de favelado. Aí a gente ergue a cabeça e segue em frente”, diz Jardel de Souza, 17 anos.

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Na periferia de Salvador, o bairro de Cajazeiras foi escolhido para receber o novo Ginásio de Esporte da capital baiana. O antigo ginásio olímpico Antônio Balbino também foi abaixo, junto com a piscina olímpica, para reforma da Arena Fonte Nova. A previsão é que uma nova estrutura seja entregue antes das eleições, segundo o engenheiro responsável pela obra.

Salvador - Obras do novo ginásio de esportes. A expectativa é que a nova estrutura seja entregue até outubro (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Salvador - Obras do novo ginásio de esportes. A expectativa é que a nova estrutura seja entregue até outubro Antonio Cruz/Agência Brasil

Procurados pela reportagem, o governo da Bahia e a prefeitura de Salvador não informaram quando a nova piscina olímpica fica pronta e quantas crianças eram atendidas pelos projetos sociais.

O projeto que deu origem a esta reportagem foi vencedor da Categoria Rádio do 7º Concurso Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, realizado pela Andi, Childhood Brasil e pelo Fundo das Nações Unidos para a Infância (Unicef).

>> Confira a série Direitos das Crianças no País da Copa