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Economia

Lado brasileiro de Itaipu também poderá ser reserva de biosfera da Unesco

O Brasil consome no transporte o equivalente a 12 usinas de Itaipu
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 24/12/2017 - 19:09
Rio de Janeiro
Usina de Itaipu Binacional
© Caio Coronel/Itaipu

No primeiro semestre de 2018, a direção da usina hidrelétrica Itaipu apresentará uma proposta ao Conselho Internacional de Coordenação do Homem e da Biosfera, da Unesco, para que o certificado de reserva de biosfera, concedido ao lado paraguaio da usina, também seja estendido ao lado brasileiro.

“Itaipu vai ser a primeira usina do mundo a possuir as duas margens, toda a usina como reserva mundial de biosfera, outorgada pela Unesco. É um certificado que colabora com o meio ambiente. Para ser considerada uma reserva mundial de biosfera se leva em conta, basicamente, as áreas de conservação que a empresa tem, áreas de matas nativas ou plantadas que colaboram para a biosfera”, disse o diretor-geral brasileiro da empresa, Luiz Fernando Vianna, em entrevista à Agência Brasil no início do mês.

Usina de Itaipu quebra próprio recorde de geração de energia elétrica

No lado brasileiro, Itaipu mantém reservas ambientais e desenvolve projetos de piscicultura e aquicultura no reservatório da empresaCaio Coronel/Itaipu

A rede mundial de reservas de biosfera reúne áreas dedicadas à pesquisa, conservação da biodiversidade e promoção do desenvolvimento sustentável. O certificado para o lado paraguaio da hidrelétrica binacional foi concedido em junho, em um evento em Paris. Ao fazer parte da rede, Itaipu poderá ter o às pesquisas desenvolvidas em outras reservas.

Pelo lado brasileiro, Itaipu mantém reservas e refúgios ambientais e desenvolve projetos de piscicultura e aquicultura no reservatório da empresa, além de apoiar práticas agrícolas sustentáveis.

No Brasil, ficam os refúgios Bela Vista e Santa Helena. Já o Paraguai gere as reservas biológicas Itabó, Limoy, Carapá, Tati Yupi e Yui Rupá, conforme informações disponíveis na página de Itaipu na internet.

No início do mês, a hidrelétrica promoveu o Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), em Foz do Iguaçu, no Paraná. Na ocasião, o diretor-geral de Itaipu defendeu que o setor elétrico e o meio ambiente podem conviver de forma harmônica. Vianna destacou que o país precisa de energia para crescer e, além das hidrelétricas, existem outras fontes como opção. “Temos fontes que são evidentes: solar, eólica. Essas fontes podem ser térmicas, carvão, óleo ou gás, pode ser fonte nuclear e pode ser uma fonte hidro”.

Guerra da comunicação

Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, que também participou do  seminário, a falta de comunicação leva a resistências a muitos projetos no setor energético, por desconsiderarem o custo a ser pago no futuro quando um determinado projeto não é levado adiante.

Ele citou, como exemplo, a privatização da Eletrobras, uma das ações do governo para reduzir os custos da máquina pública. Segundo ele, o caminho é enfrentar a agenda de modernização do setor elétrico e da privatização da empresa, que está alinhada com o movimento de reconhecer que não há recursos públicos para investir.

“Entendemos que não é fácil, mas há um empenho grande para se comunicar melhor, porque muitos dos problemas que são colocados, são apresentados em uma visão incorreta e às vezes perde-se a batalha da comunicação. Por exemplo, se entendeu que o Brasil não deve mais fazer hidrelétricas, parece ser a compreensão de muitos segmentos da sociedade. Essa compreensão do nosso ponto de vista é equivocada, mas não basta dizer que é equivocada, precisamos provar isso em um diálogo, que é a essência da democracia, com um conjunto de outros agentes do setor”, disse.

Para ele, o setor reconheceu que precisa se comunicar melhor com a sociedade. .

“Pode haver um alinhamento dos interesses do meio ambiente e da exploração da energia ou dos interesses indígenas ou dos interesses de preservação do patrimônio histórico. Precisamos de mais diálogo, para construir essa convergência. Acho que agora a gente começa a intensificar esta agenda porque ela é necessária. O país voltou a crescer e estamos retomando os leilões de expansão e, portanto, nós vamos precisar licenciar mais projetos para atender a recuperação da economia brasileira”, afirmou Pedrosa.

Energia elétrica em veículos

No seminário, foi abordada também como evolução no setor a utilização da energia elétrica em veículos para reduzir os gastos com transporte.

“O Brasil consome no transporte o equivalente a 12 usinas de Itaipu. Quase dez são consumidas na geração de calor e na emissão de gases. Se o Brasil asse a utilizar a energia elétrica como base do transporte seja no individual, seja no de carga, nós precisaríamos somente uma vez e meia para abastecer de energia todo o nosso transporte da nossa sociedade”, disse o presidente do FMASE, Ênio Fonseca, durante o fórum.

Fonseca reconheceu que a transferência de combustível na frota brasileira levará tempo, mas afirmou que já é uma iniciativa que vem sendo consolidada,.com projetos que são desenvolvidos em diferentes países e empresas. “Essa é uma inciativa que tem participação robusta do setor elétrico como fomentador e também um provedor do insumo que vai ar a ser energia elétrica também no transporte urbano e nas casas como e para as atividades econômicas”, completou.