Leilões de óleo e gás retomaram indústrias do setor, diz ANP
A realização de leilões, iniciados em setembro de 2017, resultaram na retomada da indústria do setor de óleo e gás no Brasil, disse hoje (25) o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Décio Odonne. Apesar do aquecimento, Odonne ponderou que a retomada ainda está muito concentrada no pré-sal e no ambiente ao redor do polígono do pré-sal.
Para o diretor-geral, o desafio é atrair investimentos para outras áreas exploratórias em bacias maduras, em terra e em áreas de fronteira que não tiveram a mesma atenção nos últimos anos. Oddone acrescentou que a decisão da Petrobras de sair das áreas de gás natural e de fazer desinvestimentos em algumas concessões abriu oportunidades para outras empresas.
Entre as medidas tomadas pela ANP para ajudar nessa retomada, Oddone destacou a aprovação da resolução para a redução de royalties para campos maduros e o trabalho para a abertura do mercado de gás natural. Oddone participou nesta terça-feira do debate Como Atrair Investimentos para a Indústria de Óleo & Gás: A Visão da Iniciativa Privada, no Rio Oil & Gas 2018, no RioCentro.
Período de transição
O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), José Pedro Firmo, destacou o interesse em áreas de exploração onshore em campos maduros, que, segundo ele, a por um período de transição depois de sair de um monopólio. Para ele, existe um forte valor agregado.
“A minha impressão é que a gente já tem um bom catálogo de soluções que podem alavancar isso [exploração onshore em campos maduros], botar na agenda e avançar com as modificações. Já existem desbravadores, apesar de um potencial de mudanças, que estão criando empresas e é extraordinário o interesse, principalmente, de financiadores. No momento em que uma empresa se habilita, só de fazer a primeira movimentação, é grande a quantidade de investidores que começa a chegar para olhar com um pouco mais de cuidado”, disse.
Mercado
O CEO da empresa de gestão de ativos Brookfield Brasil, Henrique Carsalade Martins, disse que desde 2014 até o meio deste ano, a companhia investiu R$ 40 bilhões no país, sendo R$ 25 bilhões no setor de óleo e gás. Segundo ele, os investimentos se mantiveram apesar de todas as mudanças políticas que ocorreram no país neste período. “A gente teve troca de presidente, impeachment, [ex-]presidente na cadeia, [ex-]presidente da Câmara na cadeia e o Brasil continuou funcionando. Esse foi o primeiro sinal que a gente teve e que fez a gente trazer dinheiro para o Brasil nesse momento”, disse.
O presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, disse que observando como banco, o Brasil não foi capaz de atrair grandes operadores estratégicos, apesar de ter uma das maiores reservas de petróleo e gás do mundo. Entre os motivos, o banqueiro citou que a Petrobras teve uma atuação muito politizada e ideológica desde sua criação e que há um movimento mundial para minimizar a importância do petróleo dentro de uma agenda de energia renovável.
Para o executivo, o Brasil tem uma grande oportunidade para mudar e aproveitar a retomada do setor independente do resultado da eleição de outubro. “Um dos grandes avanços do Brasil nas últimas décadas foi tirar a ideologia de alguns objetivos concretos como a inflação. Hoje a questão da inflação baixa não pertence a um partido. É uma conquista da sociedade brasileira que não tolera inflação alta. Não há mais a tolerância em uma plataforma em que há 30 anos se falava que um pouco mais de inflação não é necessariamente ruim para o desenvolvimento do país”, disse.


