Médicos residentes param por melhores condições de trabalho e ensino

Em Brasília, médicos residentes fizeram uma manifestação em frente ao MEC
Médicos residentes que trabalham no Sistema Único de Saúde (SUS) fizeram hoje (24) uma paralisação em várias cidades do país. Organizada pela Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), a paralisação foi feita em todos os estados, mas pelo menos 30% dos residentes mantêm as atividades para garantir o atendimento nas emergências.
Em Brasília, a manifestação ocorreu em frente ao Ministério da Educação (MEC), onde os participantes reivindicaram melhores condições de trabalho e ensino. Para a residente em ginecologia Luciana Viana, do Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB), falta material para melhor aprendizagem.
“Nós buscamos principalmente melhores condições de trabalho e ensino. Faltam materiais básicos e disponibilidade dos preceptores para ensinar aos residentes. Há pessoas para nos auxiliar, mas não há material para a melhor instrução.” Luciana disse ainda que falta fiscalização do MEC nos programas de residência médica.
O ministério informou que se reuniu com representantes da ANMR na última sexta-feira (18). Ficou acertada a realização de três reuniões para discutir as diferentes reivindicações da categoria. As duas primeiras estão previstas para outubro e a terceira, para novembro. O MEC também já apresentou à associação sua posição sobre cada um dos pontos reivindicados. A associação concordou em analisar o assunto e retomar os temas durante as reuniões marcadas.
Rio de Janeiro
Na capital fluminense, o ato público foi em frente à sede do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremerj), no bairro de Botafogo. Os manifestantes seguiram em eata até o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na zona sul da cidade.
Segundo o coordenador da Comissão de Médicos Recém-Formados do Cremerj, Gil Simões, as principais reivindicações são mais respeito à classe, a melhoria das condições de atendimento aos pacientes, a defesa do SUS e que a bolsa recebida pelas 60 horas de trabalho seja igual à de programas do governo como o Mais Médicos. "O Cremerj está oferecendo apoio à classe", disse Simões. A paralisação dos residentes foi decidida em assembleias, no dia 16, em todo o país.
No Rio, um dos principais objetivos do movimento é marcar uma reunião com o governador Luíz Fernando Pezão. De acordo com o presidente da Associação de Médicos Residentes do estado, Diego Puccini, a categoria precisa estar unida e organizada para conseguir o atendimento de suas reivindicações. "Se houver descaso [por parte do governo], pensaremos em outra estratégia", afirmou Puccini.
São Paulo
Os médicos residentes que trabalham em São Paulo também aderiram à paralisação. Os profissionais se reuniram no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e saíram em eata até a sede do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), na região central.
De acordo com a ANMR, em todo o Brasil há 30 mil médicos residentes, sendo que no estado de São Paulo são 13 mil e na capital paulista, 5 mil.
De acordo com o diretor da ANMR e também da Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo (Ameresp), José Carlos Arrojo Júnior, entre as reivindicação da categoria está o aumento da representação das entidades médicas na composição no Conselho Nacional de Residentes Médicos (CNRM) para criar um ambiente democrático de discussão e deliberação e eliminar a Câmara Recursal.
“A CNMR é formada por seis cadeiras indicadas pelo governo e seis pela sociedade civil e entidades médicas. Sempre foi assim, até 2011, quando houve alteração instituindo a Câmara Recursal composta por dois representantes do governo e um das entidades médicas. Toda vez que há uma votação em que há empate vai para a Câmara Recursal, onde sempre é decidido pró-governo. Isso faz com que percamos a força para exigir qualidade na residência médica”, disse.
A categoria reivindica ainda que haja um plano de carreira e valorização para os médicos professores. “Hoje recebemos inúmeras denúncias de dificuldade no aprendizado e no atendimento adequado. Isso depende do médico professor que está nos ensinando. Hoje eles não recebem nenhum tipo de auxílio para estar lá e são cobrados [para o cumprimento] de metas”, disse.
Outras reivindicações são o plano nacional de carreira para médicos do SUS com remuneração adequada, progressão de carreira, desenvolvimento profissional; fim imediato da carência de dez meses para os médicos residentes usufruírem dos direitos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e cumprimento da legislação vigente sobre o auxílio-moradia.
*Colaborou Flávia Albuquerque
Matéria ampliada às 14h32




