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MP prorroga prisão de médico acusado de manter paciente em cárcere

Cirurgião plástico está preso desde o dia 18
Douglas Corrêa - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 27/07/2022 - 19:35
Rio de Janeiro

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) obteve a prorrogação, por mais 25 dias, da prisão temporária de um cirurgião preso no dia 18 no centro cirúrgico no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O inquérito policial foi inicialmente instaurado para apuração de lesão corporal de natureza grave contra uma paciente de 35 anos, que se submeteu a uma abdominoplastia, procedimento para retirar o excesso de pele e gordura da barriga e colocação de próteses de silicone nos seios. O inquérito também apura associação criminosa e cárcere privado, sendo decretada a prisão temporária pelo prazo inicial de cinco dias e, posteriormente, prorrogada por mais cinco dias.

Ao receber os autos do inquérito, a promotora de Justiça Cláudia Portocarrero entendeu que, ao contrário do indiciamento feito pela polícia, havia indícios fortes de que o agente teria assumido o risco de matar a vítima e, portanto, teria cometido crime mais grave: homicídio qualificado na modalidade tentada, hediondo. Assim, solicitou o encaminhamento ao Tribunal do Júri de Duque de Caxias.

“O atuar doloso do indiciado e a irresponsabilidade completa, a vilania, a torpeza de motivo para a prática do delito, a ganância, o objetivo de ganhos financeiros em detrimento da saúde da vítima, submetida a cirurgias sucessivas, inclusive para fins estéticos, que jamais poderiam ter sido levadas a efeito, restam indicados nos autos”, escreveu a promotora.

O pedido de prorrogação da prisão foi deferido pela 4ª Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias e os autos encaminhados à Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Caxias para cumprimento de diversas diligências que o Ministério Público entendeu necessárias para a conclusão das investigações e o oferecimento da denúncia.

Depois que o caso foi mostrado, mais de 20 mulheres que se submeteram a cirurgias plásticas com o médico já procuraram a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias para denunciar o cirurgião plástico. Elas alegam que ficaram com sequelas após fazer procedimentos estéticos.

Transferência

A paciente foi transferida no dia 21 para o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) e submetida no dia seguinte  (22), a um procedimento para remoção de tecido necrosado na região abaixo dos seios e na barriga. O curativo foi feito a vácuo.

De acordo com o advogado Ornélio Mota, que defende a paciente, o procedimento consistiu em tratar a parte necrosada. “Pude constatar que ela se sentia melhor, com a voz firme e já era outra pessoa”, disse.

* Matéria atualizada em março de 2025 para supressão do nome dos envolvidos (acusado e suposta vítima), tendo em vista impossibilidade de acompanhamento do processo.