Maduro pede que oposição mantenha diálogo com governo venezuelano
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu hoje (14) que a oposição no país mantenha o diálogo com o governo. Durante seu programa semanal de rádio e televisão, Maduro pediu que os opositores “não se deixem manipular por grupos radicais e setores externos” e continuem a dialogar. Ontem (13), a Mesa da Unidade Democrática (MUD) anunciou a suspensão do diálogo como forma de protesto pela detenção de estudantes que estavam acampados em Caracas, na semana ada.
A MUD, que reúne diversos partidos opositores, informou que não participará das reuniões técnicas e aguardará a chegada da comissão de chanceleres mediadores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), prevista para amanhã (15). A oposição pretende apresentar um balanço à comissão, com "sua versão" dos acontecimentos da semana ada, quando a polícia destruiu acampamentos de jovens manifestantes e prendeu 243 estudantes.
No programa de rádio, Maduro respondeu às críticas da oposição, que culpa o governo por uma “crise no diálogo”. Ele defendeu que os setores opositores devem reconhecer “a legitimidade das instituições” e da força política que “o movimento bolivariano representa no país”.
O presidente também acusou alguns setores mais radicais da oposição de “pressão” contra o processo de diálogo. Segundo ele, alguns desses setores nem vivem no país, estão nos Estados Unidos.
“Reafirmo minha postura e a postura de quem está na mesa [de diálogo]. Não vou parar a mesa de diálogo, porque o que estamos fazendo é um avanço democrático importante.”
Ele destacou que, durante as reuniões, realizadas desde a primeira semana de abril, o governo recebeu sugestões dos opositores, destinadas ao Plano Pátria Segura (programa de segurança pública) e que também há idéias interessantes sobre o tema econômico que “serão analisadas”.
“Envio à direita uma mensagem de boa vontade para seguir debatendo. A mesa deve ser um espaço de encontro, no qual, pouco a pouco, possamos construir uma agenda nacional de acordos que favoreçam todo o país”, ressaltou.
Em declarações e entrevistas publicadas hoje em jornais locais, alguns políticos opositores defenderam a suspensão do diálogo como mecanismo de pressionar o governo Maduro quanto às prisões dos jovens, à repressão aos protestos e para pedir a anistia de políticos que estão detidos, acusados de envolvimento e participação nos atos de vandalismo ocorridos desde fevereiro no país.
O primeiro político detido foi Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular. Ele foi considerado o mentor intelectual dos atos violentos ocorridos no país e de ter planejado um "golpe de Estado" lento, que seria causado pela pressão de manifestações diárias e constantes. López aguarda seu julgamento em uma prisão militar.
Na semana ada, ele compareceu à Justiça, para uma audiência, que não ocorreu porque não havia expediente no tribunal. Os advogados de López afirmaram que não foram notificados do cancelamento do julgamento e que não receberam informação sobre uma nova data para comparecimento.
*Com informações da emissora estatal Venezuelana de Televisão (VTV)


