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ONU: garimpo ilegal provoca criminalidade em terras indígenas

Exploração sexual infantil e mortes violentas foram constatadas
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Gabriel Corrêa - repórter da Rádio Nacional
29/05/2025 - 15:59
São Luís
Garimpo ilegal em área desmatada da floresa amazônica no Pará
© NACHO DOCE

Um estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime revela que, ao longo da última década, as áreas de mineração ilegal em terras indígenas nos países que integram a região amazônica cresceram mais de seis vezes.

Segundo o documento, a mineração invade Unidades de Conservação e Terras Indígenas; e provoca danos por causa do uso do mercúrio, além do desmatamento e resíduos químicos. Além disso facções ligadas ao tráfico de drogas na América Latina também estariam explorando o minério para lavar dinheiro. Esses grupos têm se infiltrado nas cadeias de fornecimento de ouro, atraídos pelo aumento dos preços e aproveitando as rotas e a infraestrutura, que já são usadas pelo tráfico de drogas.

A agência da ONU destacou ainda atividades de mineração de ouro, em pequena escala, na Bacia do Rio Tapajós, no estado do Pará, onde dois terços da produção de ouro é considerada ilegal.

A partir de mais de 800 entrevistas com garimpeiros, no início de 2023, o Escritório da ONU constatou que 40% deles podem ter sido vítimas de tráfico humano para trabalho forçado.

Quase a metade relatou recrutamento fraudulento e más condições de trabalho, com média de mais de 12 horas por dia, e muitas vezes 7 dias por semana. Os problemas de saúde decorrentes da situação precária da atividade garimpeira também são muitos.

Sete em cada dez entrevistados têm ansiedade e depressão, e quase metade já sofreu acidentes graves. A maioria desconhecia direitos trabalhistas ou direitos humanos. Nessas áreas de garimpo, também foi constatado o tráfico de mulheres e meninas para exploração sexual, junto com o aumento de mortes violentas.