Ato contra o impeachment reúne 60 blocos de carnaval no Rio


Blocos do carnaval de rua do Rio fazem manifestação cntra o processo de impeachment
Centenas de pessoas se reúnem neste momento na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, onde ocorre o ato Carnaval Pela Democracia - Não Vai Ter Golpe. Organizada por integrantes de cerca de 60 blocos do carnaval de rua da cidade, a manifestação é contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, cuja issibilidade será votada amanhã (17) no plenário na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Entre as agremiações estão o Bloco de Segunda, Embaixadores de Oswaldo Cruz, Conjunto Habitacional Barangal, Céu na Terra, Imprensa que eu Gamo, Escravos da Mauá e Comuna que Pariu. Um palco foi improvisado na escadaria da Câmara dos Vereadores, onde uma grande bateria e os cantores de diversos blocos se somam com um repertório de marchinhas, sambas de roda, sambas de enredo e clássicos da música popular brasileira, como Vai ar, de Chico Buarque. Também ocorrem algumas falas políticas e gritos de "não vai ter golpe" e "fora Cunha".
Um dos organizadores do evento, Jorge Sapia, diz que a ideia é mostrar que o carnaval ultraa os dias oficiais de folia. "Este novo carnaval de rua tem a intenção de trabalhar por uma cidade mais inclusiva, para todas as pessoas. Neste momento, não tem como não ir à rua em defesa da democracia e da Constituição".
Para a integrante do bloco Meu Bem Volto Já Andrea Estevão, o carnaval é uma forma de ocupação dos espaços públicos e da democracia, portanto também deve se manifestar contra qualquer tentativa de ruptura do processo democrático. "A rua é de todos, então é natural que os blocos se unam em defesa das liberdades e da plena cidadania, os blocos estão sempre alinhados com os movimentos nesse sentido. A cultura sempre se posiciona a favor dessa cidadania plena".
Professor da rede estadual de uma escola atualmente ocupada pelos estudantes, o integrante do bloco Arteiros da Glória Maurício Realeiro diz que o país a por um momento em que todos devem se reunir para mostrar de que lado estão. "Não podemos permitir que esse golpe ocorra, liderado por Eduardo Cunha, que deveria ser cassado e está tentando cassar uma pessoa honesta. Como professor de geografia e economista, eu digo que não há crime de responsabilidade [nos atos da presidenta Dilma]".
Para o integrante do bloco Largo do Machado, Mas Não Largo do Copo Danilo Mendes, a união das agremiações é "fabulosa". "É genial, a maioria dos blocos é de esquerda, é a cultura unida pela democracia. Ela [Dilma] foi eleita por 54 milhões de pessoas, não pode ser destituída dessa forma".
A escritora Lia Figueira vestia uma camisa do Suvaco do Cristo, bloco que frequenta há 30 anos. Disse que é uma "democrata" e tem ido a todas as manifestações e atos contra o impeachment. "Amanhã, estarei cedo em Copacabana, depois na Lapa. Não dá para entregar a democracia assim de bandeja, e não vamos entregar, vai ter luta. É uma maravilha ver esse ecletismo todo, o samba, o funk da periferia na zona sul", disse, referindo-se ao evento marcado pelo grupo Furacão 2000 amanhã, às 9h, na praia de Copacabana.
O ato dos blocos de carnaval contra o impeachment deve terminar por volta das 21h.




