Uma brincadeira entre dois irmãos de uma família da elite paulistana está na origem da Rádio Sociedade Cultura, a P-R-E-4, de São Paulo.
As primeiras transmissões ocorreram no início dos anos 1930, na garagem de sua casa na rua Padre João Manuel, no bairro de Cerqueira César.
Inicialmente, a emissora funcionava apenas para entretenimento dos irmãos Fontoura e de seus amigos. Depois de alguns problemas com a polícia, os Fontoura precisaram legalizar seu empreendimento.
Vital Fernandes da Silva, o Nhô Totico, foi um dos principais artistas desta fase inicial da Rádio Cultura. Ele foi o primeiro humorista do rádio brasileiro a contar com patrocinadores para seus programas.
A audiência e a aceitação da programação da Rádio Cultura pelos ouvintes paulistanos animavam a família Fontoura, mas a distância de sua sede, localizada em um galpão no bairro do Jabaquara na região central de São Paulo, onde tudo acontecia, incomodava os proprietários.
Assim surgiu, em 1939, o audacioso Palácio do Rádio, construído em estilo Art Déco, na elegante avenida São João. Inspirado nos teatros das rádios norte americanas, o Palácio do Rádio foi pensado para oferecer ótima estrutura e máximo conforto para seus espectadores, funcionários e, é claro, para as estrelas do rádio.
Seu moderno auditório contava com uma sofisticada iluminação indireta. Poltronas grandes e confortáveis, sistema de ar condicionado e palco projetado para espetáculos radiofônicos de qualquer porte. A discoteca da emissora possuía então mais de 5000 discos.
Com o ar dos anos, a família Fontoura já não conseguia mais dedicar-se adequadamente à rádio, uma vez que seu negócio principal, a fábrica de Biotônico, requeria muita atenção dos filhos de Cândido Fontoura.
Ela foi então vendida, inicialmente, para Paulo Machado de Carvalho, proprietário da Rádio Record, e em seguida, para as Organizações Victor Costa.
O grupo Diários Associados adquiriu a emissora em 1959 e a Rádio Tupi foi sua controladora até a transferência da Rádio Cultura para a fundação Padre Anchieta, já no finalzinho da década de 1960.
Em 1992, os estúdios da emissora aram a funcionar na rua Cenno Sbrighi, na Água Branca, onde estão até hoje.
A Rádio Cultura continua sendo uma das poucas emissoras do país que aposta em formatos experimentais e na formação do cidadão como pilares de sua programação.
Cem anos em 100 programas
Até 7 de setembro, a Rádio MEC vai produzir e transmitir, diariamente, interprogramas com entrevistas e pesquisas de acervo sobre diversos aspectos históricos relacionados ao veículo.
A ideia é resgatar personalidades, programas e emissoras marcantes presentes na memória afetiva dos ouvintes. Acompanhe na Radioagência.





