Respeite as Mina sai pelas ruas de Salvador cantando contra o assédio às mulheres
Um trio elétrico no meio da folia orientando homens e empoderando mulheres sobre assédio no Carnaval. Assim foi o projeto Respeite as Mina, que levou três cantoras às avenidas do Campo Grande, nessa segunda-feira (27), em Salvador.
As cantoras Larissa Luz, Tássia Reis e Mc Carol arrastaram foliões e foliãs, enquanto cantavam músicas de temática feminista e de empoderamento negro.
Larissa Luz, ex-vocalista da banda Ara Ketu, definiu o momento como histórico para ela, para as mulheres e para o carnaval.
No chão, puxados pelo trio tipo Pranchão, homens e mulheres dançavam e cantavam, em coro, as canções de Larissa, que questionavam a ausência de bonecas negras na publicidade infantil e o poder da mulher sobre o próprio corpo.
Apesar da presença mista de homens e mulheres, a professora Iris Oliveira sentiu que a presença dos homens poderia ter sido mais forte, porque o projeto “também é para que eles entendam a mensagem”.
Como a mensagem era tanto para eles quanto para elas, o professor universitário Felipe Milanez conta que já conhecia e ira o trabalho de Larissa Luz.
Além disso, ele disse que convive com mulheres no ambiente universitário que o ensinam diariamente sobre direitos e conquista de espaços.
Nos intervalos entre as músicas, as responsáveis pelo comando da folia politizada aproveitavam a voz dada a elas para reafirmar sobre o direito das mulheres, o combate ao assédio e as formas de violência, como puxões e beijos forçados, sobretudo no carnaval.
A auditora de controle Viviane Nascimento esteve no meio da folia e aproveitou cada canção para se divertir. Apesar disso, ela relata que o carnaval é apenas uma “grande amostra” do que acontece com as mulheres todos os dias do ano.
Salvador possui duas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher e nos quatro primeiros dias oficiais da folia apenas uma das unidades registrou 41 ocorrências do tipo.
Além disso, o número de registros de assédio em todo o Brasil mais que dobrou, em 2016, comparado com o ano anterior. O aumento foi de 174% no número de denúncias feitas pelo telefone 180, a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência.
Segundo a Secretaria do Estado de Políticas para as Mulheres, esse aumento reflete exatamente o objetivo principal do trio Respeite as Mina: o conhecimento das diversas formas de assédio, que eram consideradas naturais e confundidas com cantadas ou paquera, mas devem ser feitas com respeito ao espaço e à dignidade da mulher.





