Cresce número de praticantes de religiões de matriz africana

O número de praticantes de religiões de matriz africana aumentou mais de 300%, conforme os resultados preliminares do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (6) pelo IBGE. A média nacional dos adeptos de Umbanda e Candomblé ou de 0,3%, em 2010, para 1% em 2022. A maior concentração de umbandistas e candomblecistas encontra-se na Região Sul, com 1,6%, e Sudeste, com 1,4%.
A gerente da pesquisa, Maria Goreth Santos, comenta as possíveis razões para esse aumento na comparação com a pesquisa anterior, de 2020: "Um movimento que tem sido feito nos últimos anos contra a intolerância religiosa, a exposição também dessas pessoas, se colocando como umbandistas, candomblecistas… É uma migração das pessoas que se declaravam espíritas porque tinham medo ou vergonha de se declarar umbandista ou candomblecistas, se declarando dessa forma nesse censo".
A religião evangélica também registrou aumento no número de praticantes, de 5,3 pontos percentuais, ando de 21,6%, em 2010, para 26,9% em 2022. A pesquisadora do IBGE destaca a influência da política na expansão desse grupo.
"Você tem um bancada evangélica forte no governo, no Congresso, que tá lá muito em função do voto dos evangélicos. Você tem, por outro lado, também esse mesmo grupo, do meu ponto de vista, também fazendo com que essa população evangélica se expresse mais".
Esse último censo consolidou tendências registradas pelas pesquisas anteriores, como a redução percentual do catolicismo apostólico romano e o aumento do percentual de evangélicos e dos sem religião. Em 1872, data do primeiro censo, o catolicismo era praticado por 99,7% da população brasileira. Em 2022, os católicos correspondiam a 56% da população, redução de mais de 8 pontos percentuais na comparação com 2010, quando eram 65%.
Mesmo em queda, o catolicismo ainda lidera em todo o país. A maior concentração está no Nordeste, com 63%. Já os evangélicos têm uma maior presença no Norte, com 36%. Houve declínio na proporção de praticantes da religião espírita, de 2,2% para 1,8%. A maior proporção dos que se declaram espíritas está na Região Sudeste, com 2,7%. O Rio de Janeiro é o estado com a maior concentração, de 3,5%.
Já o contingente populacional que se declarou sem religião subiu de 9%, em 2010, para 10,5% em 2022. Roraima registrou a maior proporção de pessoas sem religião, com 16,9%.





