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Educação

Cotistas mostram bom desempenho nas universidades

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Tâmara Freire
31/08/2015 - 18:44
Rio de Janeiro (RJ)

A lei que unificou a política de cotas em todas as instituições federais de ensino do país completou três anos no último sábado (29) e, de acordo com estimativa do governo federal, até o fim deste ano 150 mil vagas para pessoas negras vão ter sido ofertadas em todo o Brasil graças a ela. Por trás dos números, há histórias, como a de Karla Raimundo, que iniciou o curso de serviço social na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2013.

 

Cecília Fernandes também trouxe novidades para a família, quando se tornou aluna na Universidade Estadual do Rio de Janeiro em 2004.

 

A Uerj foi a primeira instituição do país a ter um sistema de reserva de vagas para alunos de escola pública e também para negros e indígenas a partir de 2002. Em 12 anos, quase 20 mil pessoas foram beneficiadas.

 

Cecilia se lembra que nas primeiras turmas com cotistas houve animosidade porque muitos alunos aprovados na seleção de ampla concorrência enxergavam as cotas como um privilégio. Já a reitora da universidade na época, Nilceia Freire, disse em entrevista ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional, que enxerga as cotas para negros como uma reparação.

 

Rafael Vaz de Carvalho, estudante do quarto período de Engenharia de Telecomunicações, é um dos mais de cinco mil alunos beneficiados pela lei federal somente na Universidade Federal Fluminense. Ele rebate também o argumento de que os cotistas teriam desempenho inferior aos não cotistas.

 

Um levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa) aponta ainda que a nota de corte para alunos cotistas é em média apenas 5% inferior que a da ampla concorrência. Juliana Ribeiro, que foi aluna cotista do curso de Pedagogia na Universidade Federal Fluminense, acrescenta que as dificuldades vividas por muitos cotistas não se devem à capacidade intelectual.

 

Apesar disso, ao menos na Uerj, os alunos cotistas evadem menos do que os não cotistas. Para o coordenador do Gemaa, João Feres Júnior, a necessidade de políticas de assistência aos alunos se tornou uma questão maior justamente com a adoção das cotas. Ele explica que, antes da lei, 75% das universidades do país já tinham algum sistema de reserva, mas foi com a unificação que a porcentagem se tornou mais significativa, especialmente no caso das vagas para negros e indígenas, que aumentaram mais de 300%.

 

Por causa desse crescimento, o secretário de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção para Igualdade Racial, Ronaldo Barros, acredita que as cotas são apenas o primeiro o de uma mudança profunda na sociedade brasileira.

 

Sonora: “Nós tínhamos, quando iniciou esse debate sobre cotas, uma presença de apenas 3% de negros na universidade. Nós chegamos hoje já a 26% do total de graduados nas universidades. E se a gente olhar cursos com status mais elevado, como de Medicina, Engenharias e Direito, nós éramos resíduo percentual”.

 

A lei 12.711reserva no mínimo 50% das vagas de todas as 128 instituições federais de ensino para estudantes de escolas públicas. As instituições devem chegar a essa porcentagem até 2016, mas atualmente, o índice geral já é de 40%. Dentro desse contingente, candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas devem preencher uma porcentagem equivalente à proporção desses grupos dentro da população do estado onde fica a instituição.

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