Escolas de Maceió tentam driblar a evasão escolar e a violência para diminuir o analfabetismo
Não é tarefa fácil educar crianças e adolescentes em uma realidade onde as políticas públicas são insuficientes.
Esse retrato poderia ser feito em qualquer município do país, mas a avaliação é de professores da escola municipal Gastone Lúcia Beltrão, situada na Cidade Universitária, um dos maiores bairros de Maceió.
O espaço foi inaugurado em 2012, mas só ou a funcionar como escola no ano ado, com turmas de educação infantil e ensino fundamental.
A professora do 2º ano, Ana Cristina Lessa, enumera as dificuldades e desafios do dia a dia.
A lista começa com a falta de valorização dos profissionais.
Berenice Medeiros, que leciona no 1º ano, também questiona a falta de estrutura e assistência.
O diretor da escola, Danilo dos Santos Neto, explica que a unidade possui 20 turmas divididas nos turnos da manhã e da tarde.
Ele afirma que o desafio de manter as crianças em sala de aula precisa ser encarado por toda a sociedade. E destaca a violência como um dos grandes fatores que contribuem para a evasão escolar.
Em meio ao alvoroço das crianças em pleno horário do recreio, Danilo defende a tecnologia como importante instrumento para despertar o interesse dos alunos pela escola.
Já o diretor de Gestão Educacional de Maceió, Roberval da Silva, traz para o debate mais um ingrediente que explicaria a evasão de alunos: a defasagem escolar.
A evasão escolar pode agravar um outro problema da educação brasileira: o analfabetismo.
E neste sentido, a capital alagoana tem os piores índices do país, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo IBGE. 18% da população acima de 15 anos não sabe ler ou escrever e 29% da população é considerada analfabeta funcional.
Em meio a esse cenário, os docentes e gestores de uma pequena escola na periferia de Maceió tentam remar contra a maré.
Localizada no bairro do Feitosa, entre o rico Farol e o populoso Jacintinho está a Escola Municipal Dom Hélder Câmara que no período da noite recebe os alunos da EJAI, Educação de Jovens, Adultos e Idosos.
Os estudantes, cerca de 200, tomam um prato de sopa antes de entrar em sala de aula.
Cada um leva uma história e encontra na dinâmica de vida os maiores desafios, como conta a diretora, Quitéria Justino.
Essa é a realidade de Rodrigo Silva dos Santos, de 41 anos, que voltou para a escola após mais de duas décadas sem estudar.
A coordenadora do espaço, Ana Adélia Pessoa, reforça que a inserção do aluno no mercado de trabalho é a melhor forma de incentivo aos estudos.
Além de incluir a temática do trabalho em todo o conteúdo curricular, o coordenador geral de EJAI no município, Rubens Lima, explica que entre as iniciativas da prefeitura está a proposta de aulas matutinas e vespertinas para trabalhadores.
A modalidade de EJAI está presente em 52 escolas espalhadas por toda a capital alagoana, com mais de 7 mil alunos. Em todo o país, apenas no ensino fundamental, são mais de dois milhões de pessoas que vêm nessa iniciativa a única chance de recuperar o tempo perdido.
Com sonoplastia de Marcos Tavares.





