Desde terça-feira, cerca de 500 trabalhadores rurais de 35 comunidades quilombolas do Maranhão interditam a Estrada de Ferro do Carajás, no km 80, próximo ao povoado Monge Belo, no município de Santa Rita, a 85 km da capital, São Luís. A ferrovia é operada pela mineradora Vale. A Justiça já concedeu reintegração de posse, que ainda não foi cumprida. Os quilombolas prometem resistir. Eles estão acorrentados aos trilhos e iniciaram uma greve de fome.
O advogado da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Maranhão, Diogo Cabral, explica que a manifestação é para chamar atenção do governo federal. “Uma pauta, que vem sendo já discutida há mais de quatro anos, e essa pauta não tem sido atendida, rigorosamente, pelo governo federal. A pauta envolve a titulação de terra do quilombo, das várias comunidades envolvidas na manifestação. Envolve também a questão relacionada a consulta prévia relativa a duplicação da Estrada de Ferro Carajás que corta várias dessas comunidades. Então são esses os dois pontos centrais da manifestação e e da revolta dessas comunidades”, disse ele.
Diogo Cabral revela que o Maranhão é o estado brasileiro com maior número de conflitos agrários do país. "O governo federal, há algum tempo, não faz a titulação dos territórios quilombolas conforme determina a Constituição Federal e Decreto 4887. Pelo fato de não realizar a titulação destas terras tradicionalmente ocupadas, o número de conflitos no estado do Maranhão tem aumentado. A própria T anunciou ano ado que o Maranhão é o estado que tem hoje o maior número de conflitos agrários do país. E boa parte desses conflitos incide sobre esses territórios quilombolas. Por esta razão é que o movimento bloqueia, já por três dias, a estrada de ferro esperando do governo uma resposta no sentido de atender essa demanda”, disse ele.
Por meio de nota, a mineradora Vale confirmou que as operações do trem de carga e ageiros da Estrada de Ferro do Carajás estão paralisadas. A empresa diz que está aberta ao diálogo, mas que exige o direito constitucional de ir e vir. A nota ressalta ainda que o protesto não é direcionado a Vale.
A reportagem procurou o governo do Maranhão, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno. A reportagem não conseguiu contato com Incra no Maranhão. De acordo com a Agência Brasil, o Incra disse, por meio de nota, que o processo de demarcação de terra está dentro do prazo legal e reiterou a necessidade da liberação da estrada férrea para dar continuidade a negociação.





