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Despesas particulares com saúde foram maiores do que o investido pelo governo de 2010 a 2015

IBGE
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Raquel Júnia
20/12/2017 - 13:09
Rio de Janeiro

Os dados nacionais da Conta da Saúde no Brasil mostram que as despesas privadas com o setor são maiores do que as despesas públicas, apesar de as pesquisas anteriores já terem mostrado que mais de 70% da população depende do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Em 2015, o consumo final de bens e serviços de saúde foi de mais de R$ 500 bilhões, o que representa 9% do Produto Interno Bruto (PIB). Entretanto, desse montante, os gastos do governo correspondem a cerca de 4% do PIB e o das famílias, pouco mais de 5%. As informações foram divulgadas, nesta quarta-feira (20), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados englobam a Conta da Saúde entre 2010 e 2015.

 

O pesquisador do IBGE Ricardo Moraes explica que a fatia maior do gasto proveniente das famílias já vinha sendo observada em outros períodos analisados. Ele detalha que, diferentemente de outros gastos, o montante destinado à saúde continuou crescendo mesmo no último ano abrangido pelo estudo, o de 2015, caracterizado pela crise.


Sonora: “Na saúde, as pessoas evitaram cortar despesas. Elas conseguiram manter um pouco das despesas com o serviço de saúde, que é algo que se evita mais cortar, que é medicamento, consulta médica e exame. E [o setor] teve um crescimento, enquanto [as pessoas] cortaram mais o consumo de outros bens e serviços.”

 

As contas do governo também seguem a mesma linha. Em 2015, enquanto os outros gastos, como educação e a istração pública, tiveram queda, a saúde manteve a trajetória de crescimento, embora menor e abaixo do crescimento da população.

 

O consumo das famílias de serviços de saúde, incluindo planos de saúde privados em relação ao PIB, cresceu um ponto percentual entre 2010 e 2015. Enquanto o do governo cresceu menos de meio ponto percentual. Os dados mostram também o crescimento do subsídio do governo no programa Farmácia Popular no período. O montante transferido para farmácias particulares para pagar por medicamentos adquiridos gratuitamente ou com valor subsidiado para a população subiu de R$ 238 milhões, em 2010, para R$ 2,8 bilhões, em 2015. Os dados não incluem os anos de 2016 e 2017, quando o programa começou a sofrer cortes.

 

A pesquisa mostra ainda o crescimento dos postos de trabalho no setor da saúde.Após queda de postos em 2014, a saúde pública proporcionou maior crescimento, com quase 7% de aumento, enquanto no setor privado o índice foi de 3,8%. Com isso, a participação da saúde no total de postos de trabalho do Brasil ou de 5,3% das ocupações em 2010 para 6,4% em 2015.

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