Um estudo divulgado nessa quarta-feira (17) no Rio de Janeiro, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que a resposta do governo brasileiro à epidemia de zika demonstrou descaso com as mulheres infectadas pelo vírus e suas crianças, nascidas com deficiências, devido deficiências, devido à doença.
O estudo Vozes Silenciadas, a Experiência da Mulher com o Zika Vírus, que abrange também outros países da América Latina e Caribe, foi feito pela Organização Global Centro de Direitos Reprodutivos, em parceria com as Universidades de Harvard e Yale, dos Estados Unidos .
Juliana Cesário, pesquisadora do Centro de Direito da Universidade de Yale, afirma que o governo brasileiro priorizou o controle da proliferação do mosquito transmissor da doença, deixando de lado questões importantes relacionadas aos direitos humanos e, especialmente, os direitos reprodutivos da mulher. Acrescentou que o peso da epidemia recaiu especialmente sobre as mulheres pobres e negras.
A pesquisa constatou a ausência de campanhas públicas de saúde relacionadas à zika, com foco nos direitos sexuais e reprodutivos dessas mulheres.
Entrevistadas por pesquisadores, muitas mulheres relataram falta de clareza nas informações disseminadas pelo governo.
O estudo da FVG afirma, ainda, que a doença tornou mais urgente direitos como o o a contraceptivos e ao aborto de maneira legal e segura, como meios de planejamento familiar.
Os pesquisadores relataram que pouco foi discutido sobre a assistência necessária para a família e as crianças que tiveram microcefalia e sobre os fatores que contribuíram para a epidemia, como o saneamento básico e água encanada.
O estudo traz uma série de recomendações ao governo brasileiro. A pesquisadora Juliana Cesário aponta que a restrição de gastos pode impactar nas respostas a um novo surto da doença.
De acordo com o estudo, o Brasil foi o primeiro país da América Latina afetado por um surto do Zika Vírus na região e permanece liderando o ranking de maior número de casos.
Desde a confirmação dos primeiros registros de zika no estado da Bahia, em abril de 2015, o vírus se espalhou para todas as 27 unidades da federação.
O ápice da epidemia ocorreu em fevereiro de 2016 e foram registrados quase 370 mil casos até novembro de 2017.
A maioria das notificiações ocorreu entre mulheres, especialmente em idade reprodutiva. O Brasil também foi o país que mais registrou mortes pela doença, um total de nove e 1.845 casos confirmados de Síndrome Congênita do Zika em bebês.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que durante a epidemia de zika recomendou às gestantes que fizessem um pré-natal qualificado e que fossem tomadas medidas para evitar o contato com o Aedes aegypti.
O texto lembra que as brasileiras forram aconselhadas a conversar com seus médicos, antes de engravidar.
Ressalta, também, que o país garante o o a oito métodos contraceptivos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo pílulas e camisinhas.
Para assistência às crianças com microcefalia, o Ministério da Saúde informou que os Centros Especializados em Reabilitação dos Estados e Municípios oferecem atenção ambulatorial, sendo referência para a rede de atenção à saúde da pessoa com deficiência, no território.





