Pela primeira vez na história, um estudo conseguiu mapear a qualidade e a conservação de 246 rios em todo mundo. Os resultados apurados pelo WWF e parceiros não são nada animadores: de todos os mananciais analisados, somente um terço foi avaliado como rio de curso livre, íntegro e saudável.
Isso significa que apenas 37% dos rios do mundo não têm prejuízos causados por poluição, desmatamento e hidrelétricas.
Outra descoberta é que, dos 91 grandes rios do mundo, com mais de mil quilômetros de extensão, apenas 21 mantêm uma conexão direta desde a nascente até o mar.
Além disso, a maior parte dos rios de curso livre que ainda existem estão localizados em regiões específicas, como o Ártico, a Bacia Amazônica e a Bacia do Congo.
No Brasil, a situação dos rios ainda é considerada boa, mas algumas bacias já sofrem impactos. Na Região Centro-Oeste, alguns mananciais sofrem com o problema da contaminação por mineração.
Já na Região Sul do país, os rios sofrem com a fragmentação de hidrelétricas, transposições e até mesmo a contaminação por dejetos despejados sem tratamento na água.
A doutora em ecologia pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em conservação para a área de ciências do WWF Brasil Paula Valdujo fala um pouco das consequências das ações humanas sobre os rios.
Os impactos já podem ser sentidos em algumas regiões brasileiras. A pescadora Josana Pinto, que mora no município de Óbidos, no Pará, conta que a pesca era mais produtiva no ado.
A região que Josana vive é banhada pelo rio Amazonas, um dos avaliados como de curso livre. Apesar de ter tido uma boa avaliação, alguns pontos da bacia são castigados com a mineração, a contaminação de agrotóxicos e o despejo de esgoto sem tratamento.
Outro rio citado no estudo como Bacia Livre é o Alto Paraguai, que pode ser seriamente comprometido pela instalação de pequenas centrais hidrelétricas. Se instaladas, elas ameaçam os rios barrados e o regime de inundações do Pantanal, que depende dos pulsos naturais de seca e cheias dos rios.
A corrida, agora, é apresentar análises mais aprofundadas dessas duas bacias, para que se possa recuperar o que foi devastado e preservar o que ainda está em boas condições.
O WWF Brasil pretende aplicar o mesmo modelo do estudo global para uma análise mais focada, que permita ver com mais detalhes regiões específicas.




