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Patativa do Assaré morria há 20 anos, relembre história do poeta

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Madson Euler- Repórter da Rádio Nacional
08/07/2022 - 11:25
São Luís - MA

O poeta cearense, nascido em 1909 na Serra de Santana, distante 18 km do município de Assaré, morreu em 8 de julho de 2002, aos 93 anos, após uma parada cardíaca. Filho de uma família humilde de agricultores, perdeu a visão de um dos olhos ainda criança. Aos oito anos, ficou órfão de pai e teve que trabalhar ao lado de seu irmão mais velho, para sustentar os mais novos. Só frequentou a escola durante quatro meses. 

Mas esse histórico não impediu que Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa, se tornasse uma referência do repente e da viola nordestina do Brasil. 

Como autodidata, aprendeu a ler e escrever e se tornou apaixonado pela poesia, produzindo os primeiros versos ainda na pré-adolescência e aos 16 anos já comprou sua primeira viola, começando aí a cantar de improviso. Aos 20 anos, ganhou o pseudônimo de Patativa porque sua poesia era comparável à beleza do canto da ave de mesmo nome.

O Brasil ouviu falar de Patativa graças ao poema "A Triste Partida", que ele mesmo musicou e Luiz Gonzaga gravou em 1964. A letra fala da saga de uma família que, depois de perder todas as crenças, troca a seca por São Paulo “para viver ou morrer”, como diz o poema, mas com uma certeza: de um dia voltar para o Nordeste querido.

Nas décadas seguintes, a poesia de Patativa inspirou não apenas escritores, mas também músicos, sobretudo os cantadores do nordeste, contribuindo assim imensamente para a música popular brasileira. A característica principal de seu trabalho é a oralidade. Ele transferia a palavra para o papel tal qual ela era falada pelo homem simples. 

A força da poesia de Patativa hoje é reconhecida em homenagens, muitas delas acadêmicas espalhadas por todo o país. Ele foi cinco vezes nomeado doutor honoris causa por sua contribuição para a Cultura Popular. Sua obra inspirou dezenas de livros e estudos de mestrado e doutorado não só em áreas afins  com sua obra, como Letras e Literatura, mas também nas Ciências Sociais, onde os estudiosos se debruçaram nas rimas do “porta  voz do Sertão” e constataram ali, o registro social de um povo. 

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