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Inovação

Resíduos vegetais agrícolas podem ser alternativa ao uso de agrotóxico

Método reaproveita resíduos e diminui custos da produção agrícola
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Fabiana Sampaio* - Rádio Nacional
03/10/2024 - 14:52
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro (RJ), 19/12/2023 - O agricultor Máximo Nunes de Oliveira durante colheita dos insumos no Quilombo Dona Bilina para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
© Tomaz Silva/Agência Brasil

Resíduos da agricultura que seriam jogados no lixo podem se transformar em defensivos agrícolas naturais. O método desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense é uma alternativa sustentável ao uso de agrotóxicos.

 A partir de um processo chamado pirólise, semelhante ao que acontece em uma a de pressão, resíduos vegetais são aquecidos para criar biopesticidas. Esse método era utilizado para produzir biocombustíveis como óleos e carvão.

A coordenadora da pesquisa, a professora Evelize Folly, explica que a partir do estudo do resíduo aquoso produzido nesse processo, que era descartado, os pesquisadores descobriram que ele tinha atividade no controle de insetos e pragas. Com isso foram feitas análises para identificar os resíduos de vegetais que poderiam ter atividade inseticida.

“Nem todo descarte líquido desse processo pode ser utilizado como inseticida. A gente já identificou que alguns têm essa atividade dependente da biomassa que entra, ou seja, dependente de qual resíduo. Dependendo de qual resíduo, a gente tem atividades associadas. Então, por exemplo, o licuri é um deles e outros que a gente não pode revelar porque ainda está em processo de patente e trabalhos em conjunto com empresas”.

O projeto foi iniciado em 2014 com o apoio da Fundação de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e já rendeu duas patentes verdes para a UF. Uma pela adaptação do método e criação de uma pastilha contra insetos em grãos armazenados e a segunda para um pó de controle de carrapatos bovinos.

A professora Evelise Chagas destaca que o preço dos bioinceticidas é menor do que os inceticidas do mercado e outra grande vantagem deles é a seletividade.

“Vários desses produtos a gente já verificou que eles têm uma seletividade para o inseto. Que está sendo utilizado e isso é ótimo porque se você quer combater uma determinada praga é importantíssimo e outros a gente consegue ter uma ampla atividade. Além disso eles têm um menor poder residual então a gente diminui tempo de carência após o uso desse produto”.

Em outro foco de atuação os pesquisadores também identificaram que resíduos urbanos de madeiras de espécies de amendoeiras comuns na paisagem carioca inclusive no campus da UFF e em várias praias podem produzir uma substância antibacteriana para tratar casos de mastite bovina.

A doença afeta as tetas das vacas e pode prejudicar a qualidade do leite. A descoberta pode ajudar a reduzir o uso de antibióticos nesses animais e dar um destino sustentável ao resíduo que também tem atividade contra insetos pragas.

*Com produção de Diana Vitor

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