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Internacional

Hungria decide fazer referendo sobre distribuição de refugiados

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Aline Moraes
24/02/2016 - 21:17
Bonn

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, anunciou nesta quarta-feira (24) que vai consultar os cidadãos sobre o esquema de cotas de refugiados. Em setembro do ano ado, a União Europeia aprovou por maioria, e não por consenso, o realocamento de 160 mil pessoas entre os membros do bloco, de acordo com o tamanho da população e da economia de cada país. Hungria e outros membros do Leste Europeu foram contra e chegaram a recorrer à Justiça europeia.

 

Apesar de aprovado, o esquema não está funcionando. Até agora, cerca de 500 refugiados, apenas, foram realocados. A ONU e governos, como o da Alemanha, vêm pressionando por uma resposta conjunta do bloco europeu, mas sem sucesso. Com o referendo, que ainda não tem data definida, Orban busca legitimar a oposição do governo ao acolhimento de refugiados.

 

Sonora: “Nós, húngaros, sentimos e eu estou convencido de que o governo está respondendo ao sentimento do povo, nós achamos que introduzir cotas para realocar migrantes sem o apoio da população equivale a um abuso de poder.”

 

A crise migratória está tomando contornos cada vez mais complicados em território europeu. Milhares de pessoas continuam presas na divisa da Grécia com a Macedônia, já que este e outros países dos Bálcãs impam limites à agem de refugiados nas fronteiras. O mesmo fez a Áustria. Migrantes do Afeganistão estão sendo barrados, por não serem considerados refugiados, como acontece com os sírios.

 

O primeiro avião com afegãos deportados da Alemanha chegou nesta quarta-feira à capital do Afeganistão, Cabul. Segundo o governo alemão, 125 pessoas retornaram de forma voluntária, depois que os dois países fizeram um acordo. O jovem Hassan Jan, um dos que decidiu voltar, diz que, depois que o presidente do Afeganistão pediu que a Alemanha mandasse afegãos de volta, para ajudarem a reconstruir o país, a situação em solo alemão se deteriorou.

 

Sonora: “Depois que diminuíram a ajuda. Eles nos transferiram de acampamento para acampamento. Eu mesmo fiquei oito meses na Alemanha. Eles não estavam ajudando os afegãos como ajudavam os sírios. Então eu mesmo decidi voltar”.

 

Nesta semana, a Bélgica decidiu instalar controles temporários na fronteira com a França, com medo de receber um grande fluxo de pessoas vindas do acampamento em Calais, que ficou conhecido como “a selva”. Lá vivem pelo menos três mil migrantes e refugiados que tentam uma chance para embarcar, mesmo que de forma ilegal, nos trens que levam da França à Grã-Bretanha.

 

A remoção dessas pessoas estava prevista para começar na última terça-feira, mas a Justiça sa adiou a decisão. Organizações humanitárias que atuam no acampamento em Calais entraram com um recurso, alegando que não há ainda uma alternativa adequada do governo para acomodar essas pessoas. A previsão é de que a Justiça dê seu parecer nesta quinta-feira.

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