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Politica

Ministra das Mulheres toma posse e repudia desrespeito a Marina Silva

Gleisi e deputadas criticam parlamentares pelos ataques no Senado
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Sayonara Moreno - repórter da Rádio Nacional
28/05/2025 - 17:05
Brasília
Brasília (DF) 28/05/2025 Cerimônia de transmissão de cargo do Ministério das Mulheres. Márcia Lopes, assume a pasta no lugar de Cida Gonçalves. Participam do evento autoridades de governo e representantes de movimentos de mulheres e de organizações da sociedade civil.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Assim que recebeu o cargo como nova ministra das mulheres, nesta quarta-feira (28), Márcia Lopes anunciou ter pedido uma reunião de governo, para debater o tratamento desrespeitoso dirigido à titular do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência no Senado nessa terça-feira (27). Também não descartou pedir providências à Justiça.  

Hoje mesmo eu falei com a ministra Gleisi para que ela chame uma reunião nossa das ministras para que a gente se posicione. Inissível isso. E cada vez que algum deputado se arvora no direito de agir como agiu, é um péssimo exemplo para a sociedade brasileira, para a juventude. Nós haveríamos de agir sim e pedir até aos tribunais superiores que tomem providências para que isso não volte a acontecer. 

A declaração foi após a cerimônia de transmissão de cargo, antes ocupado por Cida Gonçalves. O evento que reuniu mulheres de governo, de movimentos sociais e parlamentares foi palco de discursos contra o que ocorreu no Congresso: convidada para uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, Marina Silva deixou o encontro depois de ser alvo de falas consideradas machistas e ofensivas, por parte de senadores.

No evento desta quarta, representando o presidente Lula, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sugeriu que a cerimônia se tornasse “um ato de desagravo” a Marina Silva.

Imperdoável o ataque que ela sofreu como ministra, como mulher, como cidadã. A gente não pode mais deixar que essas coisas aconteçam sem a gente mostrar nossa profunda indignação. 

Também na cerimônia esteve a deputada federal Jack Rocha, coordenadora-Geral dos Direitos da Mulher da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, que considerou um desrespeito a todas as mulheres.  

Ela ser desumanizada enquanto pessoa numa tentativa misógina diante de um episódio horroroso no parlamento brasileiro, que deve representar sobretudo a expressão da sociedade, como todas desrespeitadas e não podemos aceitar que aquilo que aconteça seja transformada em algo cotidiano e naturalizado.

A deputada federal Célia Xakriabá, presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, cobrou que os homens também se posicionem a respeito de situações semelhantes.

A ministra Marina Silva, para além de pasta de governo, ela é reconhecida como uma mulher que defende o território. Não atacou somente a ministra Marina Silva, atacou a floresta, a terra, atacou mulheres indígenas. É preciso combater o machismo, não é somente as mulheres carregando essa luta nas costas.

Ao defender espaços sem violência política contra as mulheres, a deputada federal Talíria Petrone também manifestou solidariedade a Marina Silva.

Existe ainda uma ocupação dos espaços de poder muito masculina e uma violência para que a gente fique nesse espaço. A gente precisa aperfeiçoar a legislação, integrar os poderes, para que as mulheres possam não só estar mais presente na política, como permanecer sem violência.

A deputada federal Erika Kokay considerou o episódio como “misoginia” e o classificou como “absurdo”.

É inissível. Nós não podemos, aqui, permitir que nós tenhamos essas expressões misóginas que buscam colocar a mulher em locais que foram determinados pelo patriarcado e pela lógica sexista e machista. Todo o apoio, toda solidariedade à ministra Marina Silva, porque atacar a ministra é atacar cada uma de nós.

Representando o Movimento de Mulheres Camponesas, Juciane Lago repudiou o machismo contra Marina Silva e também cobrou posicionamento dos homens.  

Nós repudiamos veementemente as agressões que ainda continuam ocorrendo dentro dos espaços de poder. Então nós se colocamos lado a lado na luta contra o machismo. O movimento compreende que os homens também são parte dessa sociedade e assumir a postura de qualquer tipo de violência em relação às mulheres. 

A nova ministra das Mulheres, Márcia Lopes é assistente social e já foi ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, durante o segundo mandato do presidente Lula. Apesar da cerimônia desta quarta, ela já havia sido empossada no início deste mês, pelo presidente Lula.