A maldição do cabeça de Cuia, personagem que povoa o imaginário das Marias virgens do estado do Piauí, parece ter se abatido sobre todas as mães, mulheres, filhas, irmãs e cidadãs desse nosso Brasil, chocadas com a tragédia que vitimou as meninas do Castelo. Thâmar de Castro Dias, militante feminista, que tem quase toda sua família naquele estado, numa tentativa de traduzir nossa tristeza e revolta diante da violência sofrida pelas quatro jovens vítimas desse estupro coletivo, escreveu:
"A tragédia que se abateu sobre as meninas de Castelo, no Piauí, faz sangrar nossos corações. Somos todas meninas, apavoradas, pedindo socorro, gritando por igualdade de direitos, exigindo respeito no trato e humanidade no olhar. Somos suas mães, irmãs e filhas. Somos o útero da humanidade, somos esposas, companheiras namoradas. Somos diferentes e somos par. Somos Mulheres! Hoje estamos tristes. Em prantos pela agressão sofrida, pelo horror vivido, pela vida perdida. Cada vez que machucam uma, machucam a todas nós!”
Viva Maria se solidariza com as palavras de Thâmar de Castro Dias e aproveita a oportunidade para lamentar que lendas como a do Cabeça de Cuia continuem encontrando espaço não só lá no parque ambiental da capital piauiense como tótem, referência turística de uma história torpe e machista, mas também nos corações e mentes criminosas como a dos algozes das Meninas de Castelo. Vamos ouvir a professora dra. Inês Sampaio da Universidade Federal do Piauí.
* A lenda do Cabeça de Cuia remete a uma história de um jovem que, após matar a mãe, foi amaldiçoado a vagar pela Rio Parnaíba, assustando meninas virgens.
Viva Maria: Programete que aborda assuntos ligados aos direitos das mulheres e outros aspectos da questão de gênero. É publicado de segunda a sexta-feira





