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Direitos Humanos

Funai denuncia retenção de cartões de benefício de índios em comércio no Amazonas-Parte 2

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Maíra Heinen
13/10/2016 - 16:56
Brasília

O senhor Américo Socot expressa bem a vontade dos parentes Hupd'äh e Yuhupdëh: viver bem na própria comunidade.

 

No entanto, nos últimos anos, eles têm ado meses em dificuldades quando saem de suas áreas e seguem para o município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. 

 

Para ter o a documentos e benefícios sociais, eles acampam na beira do Rio Negro, e com a demora no atendimento de órgãos públicos, ficam meses sem o mínimo de estrutura sanitária, com alimentação escassa, enfrentando preconceito e desrespeito.

 

Entre as situações degradantes vividas por eles está o endividamento junto a comerciantes da cidade. De acordo com Almerinda Ramos, indígena Tariano e coordenadora da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, por não entenderem bem o valor do dinheiro e não falarem português, é prática comum dos indígenas deixar cartões Bolsa Família e até cartões de banco com os comerciantes locais.

 

O número de cartões retidos em comércios é alarmante e os dados estão num levantamento feito pela Funai local, como revela o coordenador do órgão, Domingos Sávio.

 

O fato já foi denunciado ao Ministério Público Federal do Amazonas e o procurador Fernando Merloto, que acompanha o caso, revela preocupação com as ocorrências.

 

Mesmo após audiência pública realizada em março, questionamentos e recomendações enviadas pelo Ministério Público Federal, quem acompanha a situação dos hupd'äh e Yuhupdëh revela que, por enquanto, nada mudou. E a cada ano os acampamentos e as dívidas desses indígenas crescem cada vez mais na cidade de São Gabriel da Cachoeira.

 

 

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